O evangelho de São João diz-nos que Cristo Ressuscitado nos dá a Água Viva que faz jorrar no nosso íntimo a Vida Eterna (Jo. 4, 14). Esta Água viva, acrescenta o mesmo evangelho, é o Espírito Santo que Cristo, ao ressuscitar, nos comunica de maneira nova (Jo 3, 37-39).
Deste modo, ao ressuscitar, Jesus tornou-se o Novo Adão que, através do Espírito Santo, vai corrigindo em nós as distorções operadas pelo pecado do primeiro Adão. O Livro do Génesis diz que o primeiro Adão, devido ao seu pecado, nos fechou as portas do Paraíso (Gn 3, 23-24).
O Novo Adão abriu-nos de novo as portas do Paraíso, como Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição. Eis as palavras de Jesus: “Em verdade te digo que, hoje mesmo, estarás comigo no Paraíso (Lc 23, 42-43).
Segundo o evangelho de São Mateus, no momento em que Jesus morre e ressuscita, os justos começam a ressuscitar com Cristo (Mt. 27, 52). Portanto, ao vencer a morte, Jesus comunicou-nos o Espírito Santo que é o sangue de Cristo ressuscitado a circular no nosso coração.
De facto, o Espírito Santo é o Sangue da Nova e Eterna Aliança que anima e fortalece a Vida Divina a circular em nós. Por outras palavras, o Espírito Santo é o vínculo maternal que nos incorpora na comunhão da Família de Deus como filhos de Deus Pai e irmãos de Cristo (Rm 8, 14-16).
É também pelo Espírito Santo que Jesus de Nazaré, o Filho de Maria e o Filho Eterno de Deus, sem se confundirem, fazem um e o mesmo Cristo. Por outras palavras, o Espírito Santo é o vínculo maternal que une e dinamiza a interioridade humana de Jesus com a interioridade divina do Filho Eterno de Deus.
Por ser homem connosco Jesus está organicamente unido a todos os seres humanos a partir do coração de cada ser humano. Isto quer dizer que a Humanidade, organicamente unida a Jesus, forma o Cristo total.
A Humanidade, portanto, forma um todo orgânico com Jesus ressuscitado. O evangelho de São João diz que nós somos os ramos da videira cuja cepa á Jesus Cristo (Jo 15, 1-8).
Apesar de ser um homem como nós, Jesus Cristo também pertence à esfera de Deus. Na verdade, a sua interioridade espiritual humana interage directamente com a interioridade divina do Filho de Deus, graças ao Espírito Santo, que é o animador desta reciprocidade amorosa humano-divina.
Por estar organicamente unido a nós, Cristo comunica-nos o Espírito Santo de modo intrínseco, isto é, como sangue do Senhor Ressuscitado, graças à interacção orgânica e dinâmica que nos une.
Associando a ressurreição de Jesus à comunicação do Espírito Santo, o evangelho de São João diz que a carne que Cristo nos dá na Eucaristia é uma realidade espiritual, não biológica (Jo 6, 62-63). Por outras palavras a carne e o sangue que Jesus nos dá a comer é a comunicação do Espírito Santo que nos vivifica e diviniza.
Eis as palavras do evangelho de São João: “E se virdes o Filho do Homem ressuscitar e voltar para onde estava antes. A carne não serve para nada. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62- 63).
Isto quer dizer que a Eucaristia é um sacramento que proclama, visibiliza e corporiza a acção salvadora de Jesus ressuscitado a actuar em nós pelo Espírito Santo. É esta a dinâmica do Novo Adão o qual é a cabeça da Nova Criação, como diz São Paulo (2 Cor 5, 17-19).
Com Cristo ressuscitado, a Humanidade atingiu a plenitude dos tempos, isto é, o limiar da ressurreição e integração na comunhão da Família divina. Se Cristo não fosse homem, nós não éramos divinos, pois somos divinizados pelo facto de formarmos uma união orgânica e dinâmica com ele.
Por outras palavras, ao comunicar-nos o dom do Espírito Santo, Jesus Cristo torna-se a fonte da vida eterna para nós. Podemos dizer que Jesus Cristo, ao ressuscitar, colocou a Vida Eterna ao nosso alcance!
Querendo afirmar que Deus não criou a Humanidade para a morte, o Livro do Génesis diz que no centro do Paraíso estava a Árvore da Vida cujo fruto dava a Vida Eterna aos que o comessem (Gn 3, 23). Isto quer dizer que a Vida Eterna não é inerente à condição natural do ser humano, mas sim uma graça que nos vem da Árvore da Vida. Depois o Génesis acrescenta que, devido ao seu pecado, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida (Gn 3, 24).
Ao ressuscitar, Jesus Cristo abre de novo as portas do Paraíso. Segundo a linguagem da Eucaristia a Carne e o Sangue de Jesus, isto é, o Espírito Santo, é o fruto da Árvore da Vida: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. Na verdade, a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue uma verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também, quem me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).
Deste modo, a Árvore da Vida renova-nos e liberta-nos do pecado do velho Adão. É hoje que Cristo Ressuscitado, o Novo Adão, está a fazer emergir em nós o Homem Novo. A Primeira Carta aos Coríntios, diz que o primeiro Adão era apenas um ser vivente, enquanto Cristo Ressuscitado é um espírito vivificante, isto é, a fonte da Vida Eterna (1 Cor 15, 45). Recorrendo à simbologia da Eucaristia, São Paulo diz que estamos organicamente unidos a Cristo, o Novo Adão, pois somos membros do seu corpo (1 Cor 12, 27). Nós só podemos dar frutos de vida na medida em que estivermos organicamente unidos a Cristo, tal como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).
A seiva que vem da cepa para os ramos e os torna fecundos é o Espírito Santo. Mediante a presença recriadora do Espírito Santo em nós, somos assumidos e incorporados na Família da Santíssima Trindade.
Isto quer dizer que a plenitude do Homem não é o humano mas o Divino!